Novo coronavírus pode causar danos aos testículos e provocar infertilidade, aponta estudo

Por se tratar de uma nova doença, urologista e especialista em reprodução humana da SBRA adverte que mais investigações são necessárias para sustentação dos resultados do estudo 

Pesquisadores do Departamento de Urologia do Hospital de Nanjing e da Escola de Enfermagem do Suzhou Vocational Health and Technical College (Jiangsu, China) fazem um alerta aos homens sobre o novo coronavírus: a Covid-19, além de causar problemas respiratórios, pode afetar os sistemas reprodutivo e urinário masculinos, prejudicando a fertilidade e o desenvolvimento de função renal anormal ou, até mesmo, lesão e insuficiência renal.

Segundo o estudo chinês, tanto a Covid-19 como a SARS partilham do mesmo receptor nos humanos, a chamada ACE2 (enzima conversora de angiotensina 2). Tal  enzima está presente nos pulmões e em outros órgãos do corpo humano, como coração e intestinos, sendo encontrada em elevada quantidade nos testículos.

É notória a presença da ACE2 nos exames realizados em homens, com alta concentração nas células do trato reprodutivo masculino, tais como as germinativas, dos ductos seminíferos e células de Leydig. O vírus, ao se ligar à enzima receptora, pode lesar tais células.

De acordo com o urologista e especialista em reprodução humana da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Renato Fraietta, a ligação direta do novo coronavírus com os receptores ACE2 podem levar à lesão testicular e tecidual renal dos pacientes infectados, o que requer cuidados com os homens acometidos por Covid-19.

“Atenção especial deve ser dispensada aos pacientes quanto à avaliação e ao acompanhamento de suas funções renal e reprodutiva, evitando o risco de dano testicular que possa comprometer a fertilidade de pacientes sem prole constituída”, explica Fraietta.

Tendo em vista a potencial patogenicidade do vírus nos tecidos testiculares, os estudos recomendam que os médicos prestem atenção ao risco de lesões em pacientes durante a hospitalização e posterior acompanhamento clínico, principalmente avaliação e intervenção adequadas na fertilidade de pacientes jovens.

Segundo Fraietta, como qualquer doença viral, por exemplo, HIV, hepatite B e caxumba, a Covid-19 também pode causar orquite, provocando uma inflamação testicular que, por sua vez, pode levar à atrofia testicular e/ou infertilidade.  Mas, na avaliação do urologista, é cedo para tirar conclusões, tendo em vista que, oficialmente, os especialistas não podem afirmar com toda a certeza que a Covid-19 afeta os genitais masculinos a longo prazo.

“De acordo com os estudos, devido ao risco de lesão testicular causada pela Covid-19, é importante avaliar, acompanhar e, se possível, intervir nesses pacientes com desejo de paternidade futura. Indubitavelmente, por se tratar de uma doença nova, acerca da qual tem-se muitas perguntas e poucas respostas, mais estudos são necessários para a sustentação dos resultados desta investigação”, conclui o médico da SBRA.

A SBRA e a Red Latinoamericana de Reproducción Asistida (REDLARA) seguem acompanhando de perto as informações divulgadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da Saúde e comunidade científica internacional para continuar orientando os profissionais da área, seus pacientes e toda a sociedade.

Ouça a entrevista concedida pelo doutor Renato Fraietta à Rádio Gazeta FM – RS e saiba mais sobre o assunto. Clique aqui.

Por Fernanda Matos – Conversa Coletivo de Comunicação Criativa

 

Fonte: SBRA

Varicocele atinge 40% dos homens com infertilidade

Doença caracteriza-se pela dilatação das veias dos testículos.

 A varicocele é uma doença que atinge 40% dos homens com infertilidade conjugal, sendo caracterizada pela dilatação das veias de drenagem dos testículos. É causada pelo refluxo de sangue nessas veias e pode ser chamada também de varizes testiculares ou escrotais.

A doença provoca mudanças funcionais no testículo, que determinam alteração na qualidade dos espermatozoides, levando à infertilidade.

Essa doença não tem sintomas e normalmente é diagnosticada quando se investiga a infertilidade do casal. O diagnóstico é feito no exame físico, palpando-se o cordão inguinal, com paciente em pé e fazendo força com o abdome (manobra de Valsalva). O exame de imagem ecodoppler testicular ou dos funículos espermáticos não é recomendado como exame de diagnóstico inicial, e sim para auxiliar nos casos de dúvida, nunca para diagnóstico sem antes o paciente ser examinado.


“A doença provoca mudanças funcionais no testículo, que determinam alteração na qualidade dos espermatozoides, levando à infertilidade”


O tratamento da varicocele é realizado com cirurgia, pela via subinguinal (na virilha) e com técnica microcirúrgica (utilizando microscópio cirúrgico na operação).  A cirurgia é realizada em regime ambulatorial, com alta no mesmo dia. Essa técnica garante a melhora da qualidade seminal entre 60-75% dos pacientes operados e gravidez natural em 30% dos casais após 24 meses da cirurgia.

Dr. Marcelo Vieira – São Paulo, SP

Fonte: Portal da Urologia

Torção de testículo: o que é preciso saber!

Problema deve ser corrigido por cirurgia até 6h após a torção, para evitar danos.

A torção de testículo ocorre na imensa maioria das vezes entre 12 e 18 anos, mas pode se dar também durante a infância e na idade adulta, entretanto com muito menor frequência. A incidência é estimada em 1 para cada 4.000 homens.
É geralmente causa de muita preocupação para os pais, pois a criança ou o adolescente apresenta um quadro súbito de dor aguda e intensa na bolsa testicular, podendo irradiar para a região inferior do abdome e para a virilha. Náuseas e vômitos podem ocorrer devido à intensidade da dor, junto a um quadro de vontade de urinar frequente, levando eventualmente à hipótese de uma cólica renal por leigos. Geralmente a dor é contínua, mas pode cessar ou até mesmo ser intermitente caso a torção se desfaça de uma maneira espontânea, em especial quando ela não é completa.

Mas por qual razão o testículo torce?
Durante o desenvolvimento dos testículos na vida intrauterina, eles são fixados em um tecido dentro da bolsa testicular na sua porção inferior e na sua porção superior ele é suspenso pelo próprio cordão espermático. Quando essa fixação não ocorre de uma maneira adequada, ele fica com sua mobilidade no escroto aumentada e sujeito à torção no seu próprio eixo. Essa é a principal causa de torção de testículo, embora existam outras alterações anatômicas menos frequentes na região que também possam propiciar a torção.

Por que a torção ocasiona dor?
Isso ocorre devido à torção do cordão espermático no seu próprio eixo, que por sua vez contém as estruturas vasculares que irrigam o testículo, gerando uma redução importante da entrada de sangue arterial e rico em oxigênio, o que chamamos de isquemia testicular.
A entrada de oxigênio para o testículo cessa ou diminui abruptamente e em poucos minutos a dor inicia.
Geralmente a torção ocorre em períodos de repouso, muitas vezes durante o sono, fazendo com que o jovem acorde devido à dor aguda localizada na bolsa testicular. Pode ocorre também em períodos de atividade física. A torção pode variar de 180 a 720 graus (vários giros ao redor do seu eixo) e, quanto mais torcido, mais difícil é a chegada de sangue no testículo e, portanto, piores a isquemia e o prognóstico.

O que fazer se o seu filho jovem apresenta uma dor testicular aguda?
Nesses casos deve-se levá-lo imediatamente para uma emergência médica para ser avaliado clinicamente e por exame de imagem. Quanto menor o tempo da torção, melhor o prognóstico para se manter o testículo viável no escroto. O exame físico deve ser sempre realizado, mostrando uma bolsa testicular endurecida, avermelhada, aumentada de volume e o testículo afetado em posição discretamente mais elevada. O reflexo cremastérico, que é a tração superior do testículo por suave toque na face interna da coxa, costuma estar ausente.  O exame diagnóstico considerado de eleição é o ultrassom doppler de bolsa testicular, pois ele é capaz de detectar a presença ou ausência do fluxo sanguíneo para o testículo.

Tempo de torção e prognóstico
Nessa doença o tempo para diagnóstico e tratamento cirúrgico é crucial para que o testículo afetado possa ser salvo. O período ótimo para fazer a cirurgia é até seis horas, com mais de 90% dos testículos salvos nesse prazo. A partir do momento que as seis horas são ultrapassadas, cada minuto conta, pois após 12 horas as taxas de sucesso podem chegar a apenas 20%, sendo virtualmente nula após 24 horas de torção.

Tratamento
O tratamento é sempre cirúrgico e com anestesia geral, embora algumas vezes o urologista consiga distorcer manualmente durante o exame físico com a palpação da bolsa testicular. Mesmo nesses casos, a tendência é que ocorram novos episódios de torção testicular, portanto, uma cirurgia programada deve ser feita para a fixação dos testículos no escroto.
Durante a cirurgia para a distorção do testículo, o cirurgião deve ter paciência e aguardar a recuperação da vascularização do testículo com compressa de água morna. Se após a distorção o testículo ganhar viabilidade novamente (a coloração azul dá lugar a uma coloração rósea no testículo), deve-se fazer a fixação na bolsa testicular não apenas do testículo torcido, mas também do testículo normal. Desta forma evitam-se novas torções testiculares no futuro.

Complicações da torção do testículo
A torção de testículo pode levar à perda da glândula devido a uma isquemia irreversível, mas pode também gerar uma infecção local e até mesmo a infertilidade naqueles jovens com testículos mantidos viáveis no escroto. A infertilidade é um ponto bastante importante, pois mesmo os jovens que conseguem ter seus testículos preservados pela cirurgia podem vir a apresentar uma dificuldade para engravidar suas parceiras por um espermograma alterado. Assume-se que em uma quantidade de casos possa existir uma associação do grupo de genes originando a má fixação dos testículos com a redução nas células produtoras de espermatozoides. Esse mesmo grupo de genes estariam ainda associados à origem da criptorquidia e do tumor de testículo. Desta forma, deve-se sempre avisar aos pais e aos pacientes para que se faça uma avaliação da fertilidade nos jovens adolescentes quando pertinente.

Dr. Daniel Suslik Zylbersztejn – São Paulo, SP

 

Fonte: Portal da Urologia

Se o espermograma estiver alterado, o homem é infértil?

Resultados precisam ser avaliados por urologista para verificar a necessidade de tratamentos de reprodução assistida

Buscando formar ou aumentar a família, o casal se submete a vários exames para checar sua fertilidade e programar a vinda de um bebê. Neste cenário, muitos casais se deparam com um espermograma anormal. E agora? Não poderão ter filhos?

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